quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Stand Up Parte 1

Bom, hoje resolvi que o tema vai ser minha filha. Tenho,como toda mãe,histórias altamente constrangedoras pra contar...então queria compartilhá-las com vocês.
E o mais louco,é que começa logo quando a criança aprende a falar e vai até o fim da vida.
Minha filha começou com 2 anos...veja bem,2 anos na verdade ela começou filosofando sozinha, ainda não tinha me metido nessa.
O nome dela é Luiza e toda vez que ela ia fazer cocô no seu piniquinho,ela pedia:
-mamãe, por favor encoste a porta e me deixe só.
Eu respeitava, saía e ficava só esperando a hora dela gritar o famoso:
-mãe, acabeeeei!!!
Aí eu ia lá e limpava ela...alguém sempre tem que fazer o trabalho sujo, e normalmente esse, quem faz é a mãe.O pai leva pra passear já limpinho e cheirosinho.
Bom ,mas essa é outra história. Enfim, toda vez que ela ia fazer o cocozinho dela era isso assim nessa ordem. E eu ja tinha percebido que quando ela me mandava fechar a porta e sair, ela ficava lá dentro do banheiro no maior bate papo.
Até que um dia eu resolvi ouvir atrás da porta,(olha que ridículo),e eu ouvi...ela falando muito sério, você imagina uma criatura de 2 anos fazendo cocô em seu piniquinho,completamente só no banheiro, eu ouvi a frase:
-o meu nome é lu,o meu nome é su, o meu nome é eu. E logo depois:- mae, acabeiiiiiiiii! Nisso ela tinha 2 anos,aí foi só fazer 3 pra começar a me sacanear.
O cenário que ela mais gostava era o elevador,porque a gente morava no décimo andar e o elevador era lento...então quando parava em algum andar na viajem até o térreo, porque é óbvio que sempre parava,imagina,o prédio tinha 16 apartamentos por andar e sempre só um elevador funcionando,qualquer hora que eu entrasse nele,alguém em algum,ou alguns momentos da viajem iria entrar. Aí entrava alguém, ela esperava a porta do elevador fechar, que era pra eu não ter pra onde fugir, pra começar os constrangimentos. Então vc imagina, era um verdadeiro terror viajar de elevador com minha filha de 3 anos.
Uma vez tava só eu e ela, e eu tava naqueles dias bom humor sabe, que a gente fica até um pouco retardada com a criança, na verdade era um bom humor misturado com um certo tedinho.
Aí entramos no elevador e eu comecei a cantar e dançar igual uma idiota:
-oi põe aqui oi põe aqui o seu pezinho.
Tava eu toda animadinha,ela nem tanto. Quando parou logo de cara no nono andar. Eu pensei fudeu. Aí sim ela já se animou toda. Me entra uma senhora daquelas que todo mundo detesta, que reclama das festinhas, do som alto, esse tipo de gente sabe? E eu obviamente fiquei seríssima, parei de cantar, de dançar e de ser idiota. Assim que ela entrou eu disse: - bom dia. Niqui fechou a porta do elevador, bem fechadinha, a Luiza fala:
- vai mãe, continua.
–continua o que minha filha.
–ah mãe, eu hein...continua fazendo aquilo.
–filha...que quilo?
Ela vira pra senhora, que diga-se de passagem nada receptiva, e diz:
-ela tava cantando e dançando igual uma louca, aí você entrou e ela ficou com vergonha,né mãe?
Acredita que a velha saiu resmungando?
Teve outro também, que era um cara esquisitão do prédio, simpático até, mas ele tinha uma barriga redonda enorme, aí um dia ele entrou no elevador. Fechou a porta ela pergunta cutucando a barriga do moço:
- tem neném aqui,mamãe?
Aí eu dei aquele sorrisinho maroto pro homem e expliquei paciente como toda mãe deve fazer:
- não minha filha, você não sabe que homem não pode carregar neném na barriga?
Aí pensei,ponto pra mim,ela não conseguiu me sacanear. Então ela perguntou:
- e por que a barriga dele é assim tããão enorme?
Aí fiquei sem graça...mas fui malandra,três anos já de experiencia respondi:
-pergunta pra ele,ora.
Ela perguntou:
-hein moço,porque que sua barriga é tããããão enorme?
Ele disse,querendo ser simpático:
- porque eu engoli uma melancia inteira.
Gente, a cara da Luiza parecia que não ia nunca mais voltar pro lugar. Ela olhava pra boca do homem, pra barriga,pra boca, pra barriga,boca,barriga...a gente foi saindo do elevador e ela olhando pra ele que ficou pra trás, boca, barriga e me perguntou:
- como ele conseguiu mãe?
E eu disse:
-Luiza, aquilo não é melancia,é que ele é gordo,barrigudo.
E ela: - e por que vc não disse?
Teve um também que não foi no elevador. Aquele cenário já tinha perdido a graça,aí ela começou a expandir. Esse foi no Hortifruti. A gente tava entrando no Hortifruti, eu tava meio apressada, fui entrando de repente eu olho pra trás e ela ta lá na porta, segurando um anão, com uma cara preocupadíssima gritando:
-mãe, olha que eu achei aqui!!!!!um menino pequinininho sozinho, sem pai nem mãe...acho melhor a gente levar ele pra nossa casa.
Ela puxava o anão e eu dizia:
-não filha, solta o moço.
–mãe, não é moço.num tá vendo que ele é do meu tamanho?
E um dia que eu fui levar ela na escola, sempre atrasada, correndo, ainda precisei passar num posto, sabe aquele posto do humaitá que chamam de saideira, aquele que qualquer hora do dia ou da noite só tem homem bêbado com cara de tarado? Então,chegamos lá e assim que chegamos os homens já me olharam como se eu fosse um pedaço de carne sabe? Tava o maior vendaval, e eu tava de saia. De repente passou um vento que quase levantou a minha saia.Eu segurei,ui,e dei aquele sorrisinho meio sem graça pros homens que não tiravam os olhos de cima de mim. Aí a Luiza falou bem alto:
- caraca,quase hein mãe...- olhou pros homens e disse: - e olha que ela não usa calcinha! Arregalei aqueles olhões de mãe que não tem o hábito de dar beliscão, fomos embora e desde desse dia passei a usar calcinha. Mas nessa ocasião, ela já era maiorzinha...tinha 4 anos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

História de Uma Garçonete Atriz ou Quanto Vale Um Tostão Furado

Como muitos já sabem,fui garçonete durante cinco anos,e desses cinco anos,quatro eu trabalhei no Café Odeon.

Lá eu "servi" muitas pessoas,que faziam questão de serem atendidas por mim,logo,viraram meus clientes e logo,amigos.

Ainda vou contar aqui no blog,várias histórias engraçadas e inesperadas dessa minha vida de garçonete,mas dessa vez eu vim pra contar uma que me surpreendeu,ontem.

Tinha um rapaz que eu atendia,todos os dias,que ia só pra tomar um Cappuccino,num horário que já quase não tinha movimento,então dava pra gente bater papo.
E como eu sempre gostei muito de falar,entre um açucar e uma canela,contei praticamente tudo sobre minha vida profissional,que naquela época tava bem parada.E todo os dias,a gente conversava um pouco.Todos os dias,quando dava 15 horas,lá vinha ele,sempre com um livro,um caderninho e uma caneta,seus cigarros de cravo e seu mesmo pedido de sempre.Um Cappuccino grande e um cinzeiro.

Um dia ele não veio,e no dia seguinte também não e nem no outro.

Duas semanas depois,ele volta pro seu Cappuccino,pra sua mesma mesa e me conta que esteve viajando e que me trouxera um presente.
E ele tira do bolso uma moeda chinesa com um furo no meio e me diz que é uma moeda da sorte.
Te confesso que nunca havia visto,por esse ponto de vista,um tostão furado(literalmente).Nunca tinha pensado que isso poderia me trazer sorte.
Mas ele me garantiu que sim,que me traria sorte.
Eu guardei o meu tostão furado e muitas vezes me orgulhei de tê-lo ganho de forma tão bonita.
(Vale lembrar que esse acontecimento tem,pelo menos,sete anos.)

Essa história eu só contei,pra que eu pudesse apresentar o personagem a quem vou me referir agora.
Fabiano.

Trocamos email,pois saí do Odeon.
Mas nunca nos falamos.
E ontem,no auge da minha TPM,abro meu correio(eletrônico) e vejo uma "carta" sua.
Mais do que uma carta,uma linda declaração de admiração.
Uma declaração declarada a mim.

E resolvi que queria compartilhá-la aqui.
Me senti lisonjeada e não quis que ficasse guardada num correio eletrônico,esquecida no meio de tantas cartas sem importância.
E queria dizer ainda,que essa declaração foi pra mim,Da Maior Importância.
Muito obrigada,Fabiano...por varrer minha tão cruel TPM,com palavras tão doces.
Essa foi uma,de tantas sortes,que meu tostão furado me trouxe...
A carta:

Te olhava todo dia.
Te desanhava no meu café
através da névoa de canela,
te esperando aparecer
com sua saia negra,
sombras azuis
e olhar fatal.
Com o sinal vital
no canto da sua boca.
Vem, Vem...
Chega perto de mim,
quero sentir seu cheiro
misturado com sua colônia.
Fala comigo,
me deixa sonhar
mais um pouco...
deixa eu acender
o seu cigarro.
Eu vou...
Eu venho...
Eu sonho..
No...
Odeon todo Dia.
Triste é quando não vem
minha estrela de Cinema...
Quero te olhar mais um dia.
Odeon todo Dia.
Minha musa cinematográfica...
meus olhos da sedução.
Não venho aqui sentar,
venho sonhar acordado
olhando pra ti.
Odeon todo Dia.
Cada dia
um sonho diferente,
numa personagem
ardente, gótica
no seu estilo,
nos seus cabelos longos,
as ondas de um oceano negro.
Vem meu sonho,
vem minha inspiração.
Mais um Dia
Te espero...
Quieto em silêncio,
viajando na sua imagem
de ontem,
imaginando qual é
a poesia que vai soar
na sua imagem hoje.
Eu vou...
Eu venho...
Eu sonho..
No...
Odeon todo Dia.
triste é quando não vem
minha garçonete,
minha estrela de Cinema.
Quero te olhar mais um dia...
Odeon todo Dia.
Te dei minha moeda
da sorte, oriental
com um furo no meio,
para que seja preenchida
com seu coração...
e se realmente tiver sorte,
vai sempre lembrar de mim.
Assim nos despedimos,
dos nosso encontros
e fiquei apenas com
sua imagem
sua miragem
com seu vestido longo.
E nos seus olhos,
como uma tela de cinema,
com todas as histórias
que sonhei em ti...
Assim continuei...
Sem ti.
Continuei a ir
para sonhar, mais um dia...

domingo, 23 de agosto de 2009

Mutilação

Agora ando com essa onda
de não respeitar mais a mim.
Agora vê se dá pra ser assim?
Fiz do meu corpo
um pedaço oco de carne viva.
De ferida aberta
onde derramo óleo quente
a todo instante.
E constantemente
me maltrato de uma forma
que não entendo.
E o que é pior,eu não me rendo.
Continuo dizendo
que agora eu sou assim.
Que agora eu tô assim sim,e daí?
E daí que eu queria sumir.
Pra ver se eu me emendo,
pra ver se eu me rendo,
que é pra parar de ficar
me metendo no meio de mim,
assim,tão sem jeito,tão sem respeito.
Pra ver se tomo vergonha na cara,
e ver se o tempo repara
tanto mal que ando fazendo
a mim mesma.

Escrito dia 06/03/09

Letra pra uma possível música pro possível compositor que quiser compô-la...


Mentira...tanta mentira.
E pra quê,seu moço,pra quê?
Se não te tenho mais comigo,
e há muito já não sou contigo,
e agora sim já não ligo
pras tuas mentiras.

Olha lá,se não vai se enganar,
se não vai se enrolar
para a nova namorada que ainda te escuta.
Porque disso todo mundo sabe,meu bem:
Mentira tem a perna curta.

Me tira dessa tua vida,
que a mim já não interessa.
Porque agora eu tenho pressa
e vou correr pra rua,solta no mundo,
sem ter nem um segundo
pras tuas mentiras.

Olha lá,se não vai se enganar,
se não vai se enrolar
para a nova namorada que ainda te escuta.
Porque disso todo mundo sabe,meu bem:
Mentira tem a perna curta.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Já Passou

Enganos...
Só.
Equívocos...
Tudo.
Mentiras...
Tantas.
Acusações...
Tontas.
Crueldade...
Muitas.
Desonestidade...
Forte.
Maturidade...
Falsa.
Perguntas...
Sérias.
Respostas...
Deletérias.
Amor...
Seco.
Entrega...
Medo.
Cuidado...
Pouco.
Beijo...
Oco.
Sanado...
Pronto.
Eu...
Vírgula.
Você...
Ponto.

(Com uma ajuda imprescendível de um taurino)

Cheiro de Gente

Sabe,outro dia percebi que ando percebendo o cheiro das pessoas que passam por mim nas ruas.
O cheiro,todos eles.
Quanta lembrança pode trazer um cheiro...
Alguma esperança também...no cheiro de alguém que passa.
Alguém sem graça que te chama a atenção pelo cheiro.
Não digo o cheiro de perfume,não.É o cheiro de pele,peculiar daquela pessoa,entende?
É o cheiro que fica no ar num passar apressado.
É o cheiro de chuva,que pra mim,é cheiro de namorado.
É o cheiro da mata,que é de cachoeira.
É o cheiro do mate derramado na merendeira,
que me traz de volta a minha infância.
É o cheiro do plástico da galocha.
É o cheiro de sabonete Phebo,
que antes me lembrava São Pedro-Da Aldeia,
e hoje tem cheiro de Pedro-Rocha.
Como é bom sentir cheiro de gente.
Coisa boa é sentir a pele.
Bom mesmo,é tá com alguém,cafungar bem,pra depois ficar na lembrança,bem armazenado,
a saudade do cheiro que aquela pessoa tem.
Coisa boa sentir saudade e poder ter um cheiro pra lembrar,pra aliviar...
As vezes dói um pouco,mas muitas vezes alivia um tanto.
Vez em quando se derrama pranto em cima do cheiro e nunca mais quer cheirar aquilo lá.Mas continua cheirando só pra se torturar.
Cheirando só pra se lembrar...sentindo o tempo passar.
Se permitir cheirar,lembrar e chorar.
De lembranças.
De saudade.

Eu,Menina...Pequena...

As vezes,a vida me deixa assim...
Pequena,menina,com vontade de chorar
no colo do pai ou da mãe.
Por nada,
é só medo.
Medo da vida.
Vontade de ser criança,
e ter meu pai e minha mãe,
só pra me fazer carinho na cabeça
e deixar que eu me esqueça
da vida adulta.Meu irmão me dando a mão pra eu dormir.
Pra eu acordar no meio da noite,
quando tiver esse medo da vida.
Queria parar um pouco minha cabeça
e ser só criança.
Só filha.
Só por um dia...
Já me bastaria.
Meu pai me buscar pra tomar um sorvete,
depois me dar aquele presente,
aquele disco dos Beatles,
e no final de tudo,
dizer que eu tô linda
mesmo com as feridas
da catapora...
mesmo com o dente quebrado
e o cabelo cortado por causa do piolho.
E ainda dizer que me ama
olhando bem no meu olho.
Depois me deixa na casa da minha mãe
onde meu irmão me espera pra revezarmos carinho.
E na hora de dormir,vem minha mãe no meu quarto,
pra me trazer um leite,dar beijo de boa noite,
e dizer o que sempre dizia:
-sonha com os anjinhos.
As vezes a vida me deixa assim...
Menina...pequena...

Saudade daquele...

Chegando do chopp,do ensaio,4:30 da manhã...
Isso não foi ensaiado.
Nem essa saudade.
Uma saudade daquele que mal conheço e tanto reconheço.
Aquele que nunca me esqueço
dos olhos me olhando ao acordar.
A boca sorrindo ao me beijar.
Um olhar de reconheço,
de recomeço.
Não sei bem o que virá,
mas vou deixar...
vou querer.
Quis toda a noite...
Imaginei ele lá,comigo...
e quando chego,
me chama de musa.
Sua.
Tão sua que só eu sei.
Tão nua que me lancei.
Assim,sem medo.
Assim,tão cedo.
Me dando inteira,
sem eira nem beira,
como uma rasteira
de mim mesma.
Mas vou com calma,
querendo com a alma...
seja lá o que isso for.
Meu flor.
De agora,e quem sabe,em diante.
Amante...
Sua...
Eu.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Separação de Uma Atriz

Ele sai pedindo uns dias pra arrumar um lugar. Bate a porta sem levar nada.
Quando volta, traz nos olhos muita angustia e pressa. Nas mãos, suor frio.
Ele abre a porta do quarto, ela sentada na cama a sua espera, sem saber o que esperar.

Ele: assim não tá dando, amor...
Ela: é...não tá dando.

Ele se aproxima dela, senta ao seu lado, pega sua mão com aquelas mãos frias e suadas e fixa os olhos nos seus olhos.

Ela: que bom que pelo menos você voltou pra casa...
Ele: é...mas eu não vou dormir aqui hoje não.
Ela: você vai pra onde? (já aos prantos)
Ele: sei lá...vou pra casa da minha mãe. Vou ficar um tempo fora.
Ela: espera um pouco...não vai assim...vamos conversar.
Ele: depois,amor...eu preciso ir...o táxi tá me esperando lá embaixo.

Ele começa a arrancar algumas tantas roupas do armário e entra e sai do quarto, sempre com pressa.
Ela vai até a sala,senta-se no sofá,acende um cigarro e fica atenta á mala, olha cada coisa que ele vai levando que é pra tentar descobrir quanto tempo ele pretende ficar fora de casa.
Ela,sempre aos prantos,sofrendo muito,sempre muito mais que o necessário,com o olhar triste,desolado,vendo ele de um lado pro outro,pegando cada vez mais coisas e tacando na mala...
Ela com os olhos que as lágrimas não paravam de escorrer involuntariamente,que com o olhar não parava de se perguntar o que seria dela agora sem ele,essa mulher,atriz, no auge de seu sofrimento de mulher deixada,ainda no momento de ser deixada,não pôde deixar de pensar:
- agora,com essa dor,com esse olhar sofrido,esses olhos banhados de lágrimas que correm involuntariamente dos meus olhos...putz!agora eu faria aquela cena da Elis cantando “Atrás da Porta” incrivelmente bem,se tivesse platéia!

Escrito dia 14/10/04

O Porre da Solidão

Solidão.
Que tema mais batido...solidão.
Só escrevo sobre isso ultimamente.
Buscas,encontros,bocas ocas.
Coisa mais chata não ter outros assuntos pra escrever.
Ô porre!
Grande idéia!
Vou contar de um porre que na euforia ficamos planejando eu,uma grande amiga e um grande amigo,de irmos pra casa do grande amigo fazermos uma grande orgia.
Passei a noite tentando e conseguindo beijar algumas bocas até acabar dormida com a cara na latrina do banheiro do Odeon.
Minha grande amiga se atracou de tapas com o namorado que apareceu de repente armando barraco,meu grande amigo foi embora com a minha bolsa que eu dera a ele quando fui dançar,e eu dormindo,fazendo do vaso do banheiro,meu travesseiro.
Acordei as 6:00h da manhã,sem um puto pra voltar pra casa,sem nem as chaves de casa.Nem cigarros.
Tinha apenas ressaca na cabeça,meus óculos escuros nos olhos,que não sei em que circunstância,eles foram parar lá.
Acho que os coloquei quando fui ao banheiro,pra vomitar com mais classe,quem sabe?
Bom já contei do porre.
E agora?
Ficou claro o que é a solidão?

Escrito dia 04/08/03

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pequena História de Uma Adolescente Mimada



Meu primeiro emprego na verdade não foi um emprego,foi tipo esses trabalhos extras de natal.
Fui contratada pra ser caixa de uma uma loja xexelenta durante um mês e receberia um salário fixo,sem comissões.
Na época,eu não precisava do dinheiro. Eu morava com a minha mãe e o dinheiro seria só um dinheirinho a mais pra comprar uma roupinha,essas coisas que toda adolescente de 15 anos quer.
Era uma loja de rua,na Farme de Amoedo.
Cheguei no primeiro dia,sentei a bunda no caixa e nada de ninguém entrar naquela loja. Um tédio mortal. Nada pra fazer. Quando entrava alguém,eu torcia pra que o pagamento fosse feito no cartão,porque assim eu ficaria um tempo maior ocupada.
Na época era aquele cartão que tinha que preencher boleto,(e eu confesso que sempre gostei de preencher boletos e essas coisas de preencher). E depois que eu efetuava o pagamento, eu quase saía no tapa com as vendedoras pra convecê-las a deixarem eu fazer o embrulho pra presente,porque seria mais um tempo ocupada.
Enfim,isso tudo pra contar que não tinha mesmo porra nenhuma pra fazer.
No quinto dia,estava eu lá sentada,sem fazer nada,contando e recontando o dinheiro do fundo de caixa pra me distrair,quando chegou a dona da loja.
Fui apresentada à ela. Aquela simpatia antipática de donas de lojas cafonas.
Uns 20 minutos depois ela chega pra mim e pergunta:
- Paula,me diz uma coisa. Você sabe passar roupa?
Eu pensei –ai meu Deus...não quero passar roupa,não tô aqui pra isso – e respondi:
- ih,num sei não...
- então vem cá que eu vou te ensinar.
E como era meu primeiro trabalho,fiquei completamente sem jeito de dizer qualquer coisa.
Ela me levou pro estoque da loja, que era um cubo quente pra cacete, e tinha uma tábua de passar ,um ferro e uma senhora que era a passadeira. A passadeira estava sentada lendo uma revista. A dona pegou um vestido e começou a me ensinar como se passava. Eu pensei – ah,tudo bem,não me custa nada passar um vestidinho...tem nada pra fazer mesmo.
Ela então perguntou:
- aprendeu?
-ahan...
Ela foi saindo e de repente volta ela com um monte de roupa na mão.
-então eu queria que você passassse essa vitrine pra mim,tá?
Eu,de novo sem jeito,não consegui falar nada.
-ahan...
Ela desceu e eu fiquei pensando enquanto passava o primeiro vestido – não tô acreditando! E agora? Que que eu vou fazer, meu Deus?
E eu suava,um calor desgraçado naquele lugar,e a passadeira sentada em frente a um ventiladorzinho lendo revista e dizendo:
-não,assim assim não minha filha,isso aqui é seda. Tem que tomar cuidado pra não queimar.
E eu só pensava como é que eu faria pra sair dali com aquele cão de guarda.
Uma hora decidi – vou pegar minha bolsa,dizer que vou almoçar e não volto mais. Vou fugir!
Peguei minha bolsa,desci as escadas e falei pra dona:
-tô indo almoçar e já volto.
Aí uma das vendedoras filha da puta,perguntou:
- ué,você vai levar sua bolsa? Você nunca leva...
Nunca levo o que?Que nunca é esse?Eu só tô aqui há 5 dias!
-é que eu vou aproveitar pra resolver umas coisas no banco – piranha!
Saí. Uma sensação de liberdade indescritível. Mas eu ainda precisava saber como ia resolver aquilo,o que eu deveria fazer.
Vou ligar pra minha mãe. Liguei de um orelhão. Ela tava no almoço. Então resolvi ir pra casa e assim que cheguei liguei pra ela.
-mãe... – com a voz embargada de choro
-que que houve minha filha? Onde você tá?
-tô em casa...
-que que aconteceu?
Comecei a chorar igual criança mimada.
-me colocaram pra passar roupa,mãe.
-como é que é?
-foi mãe. A dona da loja queria que eu passasse uma vitrine inteira de roupa.
-e o que que você fez?
-peguei minha bolsa e fugí.
-vc não falou nada?
-só que ia almoçar.
Minha mãe muito puta falou:
-me dá o telefone da loja.
-não mãe. Que que você vai fazer?
-eu vou falar com essa dona. Eu hein,onde já se viu? Colocar a minha filha pra passar roupa. Que que é isso? Não tem passadeira lá não?
-tem,mas ela estava lendo revista.
-ah não!ah não. Me dá o telefone agora. Que que é isso? Minha filha,você não precisa disso.
-deixa pra lá mãe...
-me dá o telefone,Pau-la! Vou ligar pra lá e já te ligo.
Fiquei esperando e nada dela ligar de volta. Imaginei,sabendo bem como minha mãe era,as coisas que ela falaria pra dona.
30 minutos depois,liga minha mãe:
-falei!
-que que ce falou,mãe?
-ah,esculhambei ela,esculhambei a loja dela...falei que isso era um absurdo,que você não foi contratada pra isso e que não precisava disso,e que merda de loja é essa que nem uma porra duma passadeira tem,e que daqui a pouco ela ia colocar você pra limpar o cocô dela na privada.
E enquanto ela ia falando sem parar tudo o que tinha dito pra dona,eu só conseguia pensar- ai,graças a Deus não vou precisar encontrar essa dona nunca mais – foi quando fui interrompida pela seguinte frase:
- e eu falei que amanhã vc vai lá pegar seu pagamento referente aos dias que você trabalhou .
-ah não mãe!
-ah sim Pau-la!
Mandei uma amiga ir buscar.

Mentiras e Vinganças de Um Coração Partido


Primeiro eu falei com sua mãe.
Depois ele falou com minha filha. Ela sentiu falta dele.
Ligou.Do meu celular.Ele não atendeu,provavelmente achando que era eu.
Ela mandou uma mensagem explicando que era ela.
Então ele ligou.
Ela me perguntou:
-E se ele quiser falar com vc?
-Diga que não estou – falei.
Preciso me convencer de que não estou mais pra ele – pensei.
Ela disse:
-Vou dizer que você tá no banho.
E enquanto ela falava com ele,eu fiquei nervosa,e por um momento achei que ele nem fosse perguntar por mim.
Foi quando ela respondeu:
-Ela tá no banho.
Ufa!Pelo menos perguntou.
Mais um tempo se passou,eles ao telefone,e quando ela desligou,ela me disse:
-Mãe,eu tive que mentir...eu disse que você tava no banho e ele perguntou se você ia sair.E eu disse que sim.
Bingo! Adorei!
Fiquei pensando que ele deve ter pensado que eu tô muito bem sem ele,me divertindo muito,saindo em plena quarta feira.
Talvez tenha pensado que eu fosse sair com alguém,um carinha,um namorado.
Fiquei pensando que de repente ele ficou pensando que era bom ele começar a tomar cuidado porque tava me perdendo de vez.
Então eu vi,que ao contrário do que eu pensava,eu ainda tava sim muito pra ele.
Seja lá como for.
Amor?
Ego?
Dor?


Escrito dia 02/01/08

...


Que amor é esse?
Que tanto bem querer é esse?
Uma coisa que nunca passa por completo.
Será isso amor de verdade?
Esse eterno bem querer,mesmo que já não esteja com você?
Esse desejo de nunca se perder
um do outro?
Esse cordão que não se corta?
Essa ligação que não se aborta?
Uma loucura,uma fissura
de ter certeza desse amor.
Pra que ter certeza?
Por que sempre buscamos a certeza de tudo?
Por que sempre colocamos a dúvida
no lugar da morte?
Não poderia,de repente,a dúvida ser uma grande sorte?
Não poderíamos vê-la como duas ou mais certezas
não tão certas?
Não.
Temos sempre que ter certeza de tudo,
e quando não temos,
ficamos com esse grito mudo.

Escrito no dia 03/08/09

Liberdade


Agora tô eu,aqui em São Paulo,sentada numa mesa de um bar,completamente sozinha.
Quando decido aprender a ser mais sozinha,a me virar sozinha,logo me lanço em São Paulo.
E é uma sensação estranha,mas boa...
Me sinto como uma criança perdida num parque de diversões,mas me vejo uma mulher mais adulta do que nunca,independente,correndo contra o tempo(ou junto com ele).
Eu jamais saí sozinha pra tomar um chopp,ainda mais num lugar onde sei que não haverá a possibilidade de encontrar um rosto conhecido.
E agora me sinto,me vejo sentada num bar,num bairro que se chama Paraíso.
Será esse meu paraíso?
Será saber beber comigo,olhando pra mim,ouvindo as minhas músicas sem escutar o som da minha voz? Assim,sozinha e tão acompanhada de mim? Tão livre?
E por que essa liberdade tão livre,assusta tanto,que me sinto perdida?
Estranhamente percebo,que a liberdade me assusta mais que a solidão e não entendo bem por que.
Será por ser novo?
Que da solidão eu já sei.
O novo assusta.
Mas agora,mesmo com o susto,eu desejo o novo. De verdade.
Eu encaro o medo.

Escrevo isso tudo,no caderno que comprei pra escrever sobre o processo de uma peça onde questionamos sempre o desejo,qual nosso real desejo e o que fazemos por ele.
Achei justo colocar isso tudo aqui. Já faz parte de todo um processo da minha vida.
E eu tô amando todo esse susto,toda essa novidade,todo esse início.
Amando essa liberdade. Todo o processo.
Amando todo o progresso.
E aqui,quase não sinto vontade de comer pra me preencher.

Escrito dia 22/07/09