quinta-feira, 27 de maio de 2010

A T(r)oca

Tentei te enrolar no meu abraço.
Te dei de mim, meu espaço.
Fui te levando pra algum lugar longe de nós.
Longe daqui.
Uma noite inteira me pareceu curta pro tanto que eu tinha.
E o sono não vinha, e nem fome viria.
A fome era de engolir o mundo em apenas aquelas poucas horas.
Eu já sabia da demora de depois um reencontro.
Tentei te fazer respirar sufocado no meu peito sufocado.
Tentei respirar no seu amor apertado.
E respirei...
Nos teus olhos, me olhando,
Vi um esboço do meu desejo.
No teu carinho, um carinho.
Um caminho de um encontro comigo.
Um abrigo em tanta troca, dessa vez na minha toca.
Que aproveitamos cada espaço dela.
Da troca e da toca.

Seria mais uma fuga de mim, querer você tanto assim?
Uma fuga dessa minha vida tão cheia de realidades?
Ou seria verdade?
Ou a simples vontade do reencontro comigo nesse reencontro contigo?
Pra onde fomos aquela noite?
Era um mundo real?
Foi carnaval?
Sei que fechamos todas as janelas e todas as portas de saída.
E lá dentro, sobrou nós.
Sem desatar um minuto sequer...
E toda aquela história, aquela vida lá dentro, durou 7 horas. E meia.
Incessantes. Inssaciáveis.

Mas esqueci que havia a porta de saída de emergência.
E tentei te cobrir no meu afago.
E quis te colar no meu corpo.
Então te propus um banho.
Pra te dar um alento.
Ou um café.
Pra eu ganhar tempo.
Que naquela altura, já tinha se ido a noite, a madrugada e chegado por fim a tão inesperada manhã.
E eu já sabia de tudo.
Já sabia da falta desse mundo, uma vez que você saísse por aquela porta.
E assim você foi...
Pela saída de emergência.
Pra se salvar. Pra me salvar.
Pelo simples fato de que o dia seguinte, a vida seguinte, a vida real, aquela vida fora daquele mundo, iria recomeçar.
Mais uma vez...