quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Stand Up Parte 2

Quando fez 4 e meio veio a pior...essa foi a mais difícil porque em momento algum houve uma interação da terceira pessoa em questão. Um taxista. Não interativo. Porque tem os interativos, que quando você entra no táxi já puxa logo uma conversa. Coitados, porque deve ser uma vida muito solitária passar o dia inteiro no taxi, sempre acompanhado de pessoas que você não conhece, sem poder bater um bom papo, jogar uma conversa fora...então muitas vezes tem o interativo. Mas esse,parecia que tinha optado por essa vida exatamente por não ter que conversar com ninguém,só largar os passageiros no destino desejado. Enfim, esse era o perfil do taxista.
Estávamos voltando de uma festinha de criança, ou seja, 4 horas de bolas estourando,recreadores berrando no microfone,chamando os papais e as mamães pra participarem da gincaninha,karaokê da xuxa, crianças berrando ininterruptamente. Uma coisa que me irrita é que esses recreadores primeiro usam microfone pra falarem num círculo de 15 crianças e a cada brincadeira que eles vão fazer ,perguntam; -quem quer brincar?!!! Na verdade tudo eles fazem uma pergunta de modo que as crianças tenham que responder em uníssono. Nossa, isso me dá uma angústia...parece um monte de robozinho.
E acho que ninguém contou pra eles que não precisa gritar no microfone, que esse objeto serve justamente pra amplificar a voz.
Bom, enfim...estávamos nós voltando deste inferno,eu louca pra chegar em casa, dar uma camomila pra Luiza acalmar os nervinhos e dormir, pra eu ficar em paz sem barulhos. Não queria ouvir mais um ai de criança.
Entramos no táxi, daquele taxista que gosta de ser só, um silêncio delicioso e a Luiza só observando o moço.
De repente o silencio é interrompido:
-mãe...esse moço que tá dirigindo, é homem ou é mulher?
Eu já completamente sem saco: - é homem,né Luiza...
-ahn...
Silêncio.
- e ele tem pirú ou tem pepeca?
Só um adendo: Foram esses os termos que eu ensinei á ela: pirú e pepeca. Pepeca pegou quando agente descobriu na ultra que era menina,que o médico falou:é uma menina,olha a pepeca dela. E escreveu na ultra pe-pe-ca. E pirú foi porque eu achava o mais bonitinho sem ser ridículo. Porque se não eu ia ensinar o que? Gluglu? Bilau? Pau? Piu piu? Ou então sei lá, um termo técnico,pênis? Caralho? Jeba? Tem que ensinar um termo que fique bonitinho falado por uma criança e que não fique ridículo. Pirú. Achei o melhor. Enfim,voltando:
- olha minha filha, acredito que tenha pirú,porque homem tem pirú e mulher tem pepeca. Mamãe já te ensinou isso.
-ahn...
Silêncio.
-e minha professora é homem ou é mulher?
-é mulher né filha? professorA. Mulher.
-e ela tem pepeca?
-sim Luiza.
-mas eu nunca vi a pepeca dela...
- é porque pepeca e pirú não são coisas que a gente sai mostrando por aí, pra qualquer pessoa, em qualquer lugar, a qualquer hora.
-ahn...
Longo silencio.
- ô mãe...
- quê Luiza?
- eu quero ver o piru desse homem.
- minha filha, eu não acabei de dizer que pirú e pepeca não são coisas que a gente sai mostrando por aí pra qualquer pessoa, em qualquer lugar, a qualquer hora?
- e quando é que eu vou ter um pirú?
-Luiza, você não vai ter pirú! Você é uma menina, veio com pepeca e quando crescer vai poder carregar neném na barriga e ter peitão igual a mamãe.
-ai mãe...mas eu queria tanto um pirú dentro de mim...
- Luiza, vamos conversar mais tarde? Daqui uns dez anos eu te conto.
Antes de passarem os dez anos,começaram as questões sexuais. Mas aí já eram conversas mais reservadas,só eu e ela. 7 anos. A era da internet.
– mãe,vc toma camisinha?
-não filha, camisinha não se toma, se coloca.
-como assim?
-coloca no pirú do homem.
-ah, tá bom mãe...como é que é?pega uma camisa e veste no pirú? Tá bom...
-não é uma camisa minha filha.
Na mesma hora, peguei uma camisinha e mostrei pra ela. Ela achou “iraaado”.
Aí ela me perguntou:
- um dia posso ver você e seu namorado transando?
-claro que não ,minha filha.
-por que? Só porque eu sou criança?
-não.por acaso você já viu a vovó no quarto com a gente quando a gente tá transando. O vovô? Eles são adultos e também não podem ver a gente transando. É que isso é uma coisa muito íntima,só do casal.- achei que era cedo pra falar de voyerismo.
- tá, mas me diz uma coisa. Se eu não assistir nunca, como é que eu vou saber como faz quando eu for fazer?
-seu namorado com certeza vai saber.
-e se ele não souber?
-vai saber, relaxa.
-mas e se não souber?
-aí vocês vão descobrir juntos...não é nada tão difícil.
-mas eu queria ver antes.
-tá minha filha,mas é muito cedo ainda. E mesmo assim,não vai rolar de ver eu com meu namorado.Isso não vai dar mesmo.
-tudo bem,se você não quer deixar eu ver,eu procuro no google. Coloco lá assim:transar.
Google bloqueado.

3 comentários:

  1. ... e não é que ela escreve também?
    devia ter começado há muito tempo!
    bjs

    ResponderExcluir
  2. Menina,tenho coisa a beça escrita...só agora resolvi (me)expor.
    Que bom que tá por aqui.
    beijos

    ResponderExcluir

Comente,eu gosto...