quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Não é meu, mas deve ter sido escrito pra mim...


Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça...ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.

Caio Fernando Abreu
Dia 15 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Promessa do Eu Comigo ou Paula Alexander Só...

Prometo me querer muito,
antes que o tempo me tome pela mão.
Prometo me levar pra passear num carrossel
pra desatar esse carretel de veias
que anda sendo o meu coração.
Prometo me sentar comigo
num banco de uma praça,
acompanhada só de mim
e entender que sozinha sim,
também tem graça.
Prometo ver o que se passa
no mais fundo da minha alma
pra que eu saiba perceber,
com toda a calma,
que par é esse que tanto busco.
Prometo parar de me dar tanto susto
a cada possível par que eu conheço.
Prometo ver se me esqueço de tanto procurar.
Prometo não mais refletir em qualquer pessoa,
o reconheço de mim,
(porque sei,não é bem assim...)
Prometo me dar toda a atenção,
que é pra eu não me dispersar.
Prometo menos impulsos e mais alguns segundos
pra parar pra pensar.
Prometo abrir os olhos do avesso,
que é pra olhar lá dentro
e entender bem o que eu mereço.
Prometo me entregar, me integrar a mim.
E que assim seja,
pra que eu não fique esquecida,
por toda a minha vida,
de mim por mim.
Amém.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Só pra constar...

Esse vazio me rondando...
Essa conversa sobre nada.
Essa estrada que nunca chega.
E o chega que não me basta.
Me faço nefasta em qualquer lugar.
Procurando qualquer coisa.

Me desconheço.
Não me reconheço
Nesse mundo de nada,
Onde ninguém quer nada
E nada acontece.

Me faço nada.
Me viro nada.
Nadando num mar de terra,
Numa lama fedorenta
Onde se inventa qualquer troço bom,
Pra seguir essa vida
Sem perder o tom.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Peito nas Costas, Boca na Nuca ou Encaixe Perfeito...

(escrito em 2005)

Me encaixo em ti, assim.
Me enrolo ao teu corpo então.
E nunca é em vão
envolver teu braço em mim.
Em minhas pernas entre as tuas.
Braço meu,debaixo do teu travesseiro...
Peito nas costas,boca na nuca.
O outro braço apóia no teu,
com o encontro das palmas.
Os dedos passeiam pelo corpo intercaladamente
e voltam pras palmas.
Palmas pra esse sentimento
de preenchimento,
que me faz ceder,
e te entender,
e me enroscar toda em ti,
só pra você dormir
bem.
Meu bem...

Queria que fosse uma música...

(escrito em abril de 2010)

Pensando bem...

Quem foi que disse
Que eu te amo tanto assim?
Pensa bem...
Amei o tudo
que você tinha
pra dar pra mim.

Acontece que já
Não é mais
Bem assim.
Hoje você some,
Me consome e
Nem diz mais que me ama.

Já não me chama de meu amor.
Não se preocupa mais
Com a minha dor.
Pensando bem
Quem foi que disse
Que vou me entregar assim?

Pensando bem
Quem disse que viver só
É tão ruim?
Me diz...pensando bem,
Que amor foi esse teu,
Que acabou tão depressa.

Que reencontro foi esse
Que me deixou
Confusa a beça?
Que insegurança é essa
Que você me permite
E insiste em me deixar?

E pensando bem,
Quem foi que disse
Que eu vou aceitar?
Quem foi que disse
Que eu vou suportar
Ficar nesse lugar?

Um lugar
que já estive
E me fez parar.
Pensando bem,
vou te deixar pra lá
e vou seguir...

E quem foi que disse
Que não vamos, um dia,
Nos reencontrar por aí?
Pensa bem...
Quem foi que disse?
Hein?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Rimando Amor com Momento (...e tenho dito...)

Diz pra mim,(porque eu ando pensando)...
Todo mundo, no fundo, não espera a mesma coisa?
Na verdade todo mundo, no fundo, não espera encontrar
um grande amor?
Arrebatador, ainda que isso traga um bocadinho de bolor?
Não vou rimar aqui, amor com dor.
Eu não ousaria mais.
Rimo amor com paz.
Rimo amor com valor. Rimo com calor. Com torpor.
Com suor. Com sabor, odor...
E rimo sim, amor com momento.
Rimo amor com atento.
Rimo amor com alento.
Não rimo amor com casamento.
Com tormento. Com tantos lamentos.
Isso não é amor.
Amor, definitivamente, não rima com dor.

Diz pra mim, não é assim?

Então por que será que as pessoas insistem?
Por que será que as pessoas não se permitem
um amor do agora infinito?

Diz pra mim,(porque eu ando pensando)...
Será que todo mundo, no fundo,
vai ficar só esperando?

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Se fosse


E se fosse mesmo
só aquele cafuné
pra você querer ficar...

Se fosse...
Ah...
Se fosse...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A T(r)oca

Tentei te enrolar no meu abraço.
Te dei de mim, meu espaço.
Fui te levando pra algum lugar longe de nós.
Longe daqui.
Uma noite inteira me pareceu curta pro tanto que eu tinha.
E o sono não vinha, e nem fome viria.
A fome era de engolir o mundo em apenas aquelas poucas horas.
Eu já sabia da demora de depois um reencontro.
Tentei te fazer respirar sufocado no meu peito sufocado.
Tentei respirar no seu amor apertado.
E respirei...
Nos teus olhos, me olhando,
Vi um esboço do meu desejo.
No teu carinho, um carinho.
Um caminho de um encontro comigo.
Um abrigo em tanta troca, dessa vez na minha toca.
Que aproveitamos cada espaço dela.
Da troca e da toca.

Seria mais uma fuga de mim, querer você tanto assim?
Uma fuga dessa minha vida tão cheia de realidades?
Ou seria verdade?
Ou a simples vontade do reencontro comigo nesse reencontro contigo?
Pra onde fomos aquela noite?
Era um mundo real?
Foi carnaval?
Sei que fechamos todas as janelas e todas as portas de saída.
E lá dentro, sobrou nós.
Sem desatar um minuto sequer...
E toda aquela história, aquela vida lá dentro, durou 7 horas. E meia.
Incessantes. Inssaciáveis.

Mas esqueci que havia a porta de saída de emergência.
E tentei te cobrir no meu afago.
E quis te colar no meu corpo.
Então te propus um banho.
Pra te dar um alento.
Ou um café.
Pra eu ganhar tempo.
Que naquela altura, já tinha se ido a noite, a madrugada e chegado por fim a tão inesperada manhã.
E eu já sabia de tudo.
Já sabia da falta desse mundo, uma vez que você saísse por aquela porta.
E assim você foi...
Pela saída de emergência.
Pra se salvar. Pra me salvar.
Pelo simples fato de que o dia seguinte, a vida seguinte, a vida real, aquela vida fora daquele mundo, iria recomeçar.
Mais uma vez...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Abandono/Encontro de Mim...(da série aprendendo a ser só)


Acordo de um sonho insuportável, marcado por um total desprezo e abandono.
Fui lá só pra te ver, te encontrar, estar com você e mais nada.
Quando chego, você não faz a menor questão de me encontrar.
Quando me encontra, diz que eu tô sozinha.
E quando entendo que to sozinha, me sinto estranha...porque sinto que o ruim não é estar sozinha e sim estar sozinha de você...
Eu ando aprendendo a estar sozinha, e ando gostando...gostando da minha companhia.
Gosto de ter minha liberdade pra ir a qualquer lugar, com minha música nos ouvidos, meus cafés no meu tempo, meus cigarros excessivos, meus pés no chão...caminhando por toda parte.
Sozinha, ando muito com meus pés no chão. E caminho...
Mas da mesma forma que me sinto sozinha, e ando só, te carrego dentro comigo.
E fico querendo saber da sua solidão...
E com isso, vou lentamente tirando os pés do chão, e viajo, e me torturo, e perco o meu rumo de caminhar sozinha.
Vou esquecendo meu foco e me sufoco nos meus sonhos, marcados por um total desprezo e abandono. Da sua parte. Da minha parte.
E cada vez mais, vou vendo que isso não é o importante de tudo isso.
Que isso é apenas mais uma fuga pra não agüentar ficar só, mesmo agüentando. Mesmo gostando...
Como posso eu, que sempre fui tão dependente emocionalmente, gostar de estar só?
Como posso eu, sempre tão inerte, começar a andar pra frente?
E resolvo, ainda que em sonho pra depois trazer pra vida, achar que to sendo abandonada.
Por quem? Quem é que me abandona? O quê me abandona?

Escrito dia 23/04/10

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Aprendendo a ser só, pra poder ser junto

Precisando aprender a ser só.
Vou seguindo nessa estrada
nada fácil.
As vezes na falta de um abraço,
me desfaço do meu corpo,
me enrolo num carinho,
me encontro num sufoco
e me ponho no canto.
Um canto muito meu,
onde cato meu encanto,
espanto meu pranto
e me faço nova de novo.
E vou sentindo
quem partiu,
tentando seguir
o conselho de Gil.
"Eu preciso aprender
a ser só, reagir e ouvir
o coração responder:
Eu preciso aprender
a só ser."